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REVIEW: Liturgy-H.A.Q.Q


Durante a decada de 2010 poucas bandas de metal receberam tanta infâmia quanto o Liturgy.

Desde 2011, com o lançamento do seu segundo álbum Aesthetica (o primeiro álbum Renihilation é basicamente um álbum normal de Black metal com influencias atmosféricas) o Liturgy dividiu muitas opiniões devido ao seu estilo de Black metal (considerado como transcendental em um polemico manifesto escrito pelo líder da banda Hunter Hunt-Hendrix no inicio dessa década), o projeto nunca foi visto com bons olhos pelos fãs “trve kvlt” do estilo, seja pelo estilo eclético de musica que a banda toca, seja pelas letras vagas, simbólica e quase nonsensicas, seja pela atitude de HHH (como chamaremos o vocalista a partir de agora), considerada por muitos como pretenciosa e arrogante, seja pelo fato da banda ser adorada pela pitchfork, seja pelo bizarro manifesto já mencionado, tudo era motivo para os metaleiros tr00zões pegarem no pé da banda e de seus fãs, que inclusive chamavam o estilo tocado pelo grupo de “hipster Black metal”, Black metal “falso e derivativo” feito para cair bem nos ouvidos de barbudinhos liberais leitores da pitchfork que consideravam o animal collective como a melhor invenção desde o pão de forma. E de certa forma eu entendo os detratores dessa banda.

O Liturgy é um grupo peculiar, o som da banda se difere pouco de outras bandas de Black metal (possui os mesmo tipo de vocal gutural, possui o mesmo tremolo de guitarra, usando muitas vezes o mesmo reverb que é usado em musicas de Black metal, entre outras coisas), e ao mesmo tempo se difere MUITO de outras bandas de Black metal, a musica simplesmente não cai como Black metal, isso provavelmente se deve as inúmeras influencias musicais utilizadas pelo Liturgy entre elas:
·         Noise Rock, Math Rock e totalismo em Aesthetica
·         The Ark Work, um álbum ainda mais controverso do que Aesthetica nem ao menos chega a ser realmente um álbum de black metal, sendo mais um álbum de rock experimental/avant-garde metal, alem disso possui influencias do glitch, do sequencer & tracker (não eu não sei o que é isso), os já mencionados noise rock e math rock e do hip hop (inclusive a inclusão de elementos do hip hop foram muito controversas por razões que eu não estou a fim de discutir
·         E agora o seu novo álbum H.A.Q.Q  o Liturgy inclui elementos sinfonicos e epicos, alem de ser um álbum mais instrumental que os anteriores. Alias, é desse álbum que nós vamos falar hoje.

Alem disso o HHH é meio esquisito, se você ver no twitter dele ele fala muito sobre uns papos meio esotericos esquisitos, fala sobre coisas triviais com o tom mais hilariamente pomposo, ele responde perguntas normais com verdadeiros textões, a conta dele no twitter é simplesmente surreal, e muitas vezes soa mais como uma parodia do grupo do que com um twitter serio.

En résumé: Hunter Hunt-Hendrix é um esquisitão, um verdadeiro "cloudcuckoolander", que fala em tom pomposo e que não poupa detalhes de suas ideias mirabolantes, o que de certa forma justifica os detratores que o consideram "pretencioso".

Agora vem a questão, a musica que Hunter Hunt-Hendrix é boa?. Principalmente em seu novo álbum H.A.Q.Q, lançado de surpresa no ultimo dia 12??.

Bem, a resposta é SIM, a musica do Liturgy é muito boa, e H.A.Q.Q é a grande prova disso.

Em H.A.Q.Q a musica do Liturgy é "transcendental" de maneiras pouco vistas nos álbuns anteriores, indo de varios estilos como o black metal mais tradicional, o djent, a musica moderna classica, o glitch, o totalismo, o metal progressivo, a lista vai e vai e vai e vai. Alem de conter varios elementos instrumentais muito criativos e fantasticos, na intro de HAJJ ele consegue fazer uma flautinha barata de plastico que provavelmente custou 5 pila (a qual eu chamo carinhosamente de "flautinha de ensino fundamental 1") soar triunfante e sinistra, alem de usar varios "glitches" dentro das musicas (muitas vezes parece que o som esta "pifando", ou que o seu computador esta dando tela azul no exato momento que você estava ouvindo o álbum), isso seria extremamente irritante em qualquer álbum, porem em H.A.Q.Q esses glitches praticamente ajudam a criar a atmosfera que o HHH pretende criar.
Até os interludios são otimos, as tres faixas chamadas Exaco são musicas muito boas e que conseguem manter a atmosfera, elas dão mais a impressão de serem faixas intrumentais curtas do que de "interludios" (em contraste, por exemplo, com o novo álbum do TOOL, em que os interludios da versão digital são inuteis e fodem muito com o prazer de ouvir o álbum). Alem disso os gritos de HHH são muito bons e poderosos, e como eu já disse, é um bom acompanhamento para a atmosfera do álbum. A melhor musica é a epica God of Love com mais de 8 minutos de duração essa musica possui praticamente tudo o que esse álbum tem de melhor, as guitarras excelentes, os gritos brutais mas ainda limpos, os coros epicos e uma otima passagem progressiva entre 3/4 minutos, fazem dessa musica a melhor do álbum e uma das melhores da banda (apesar de que a letra é esquisita)

Os unicos pontos negativos que eu encontrei é o fato de que as transições entre as musicas desse álbum no spotify são muito bruscas e demoradas, o que quebrar um pouco o gosto do álbum, apesar disso a qualidade de som é incrivel, as guitarras soam pristinas e ainda assim brutais e pesadas, a produção tambem beneficia os outros instrumentos, como a flauta de HAJJ os teclados nos interludios, a qualidade de som é o que torna esse álbum tão bom.

H.A.Q.Q é um álbum fantástico, que não devem em nada a bandas como o Sigh e o Deathspell Omega, e eu recomendo muito esse álbum para qualquer fã de black metal ou metal no geral que goste de algo mais "fora do chão". Tambem indico esse álbum para quem não gosta (ou até mesmo odeia) a banda a darem uma chance não só para esse álbum mas tambem para os outros dois, afinal esse álbum é um dos melhores álbuns de metal do ano, e eu garanto que se você abrir um pouco a mente você não vai se arrepender nem um pouco de ouvir isso.

NOTA:8.0



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